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Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar

Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar -  Piracaia Mais

--2010/06/30
Na edição do dia 23 próximo passado do jornal Folha de São Paulo, o suplemento "Fovest" que trata de assuntos relativos a Vestibulares, ENEM e Universidades trouxe como capa a notícia de que as Universidades paulistas terão a disciplina Filosofia em suas avaliações a partir deste ano.

Seguindo o exemplo de muitas outras universidades brasileiras que já incluíram a disciplina em suas avaliações. Sendo eu, Filósofo e Professor desta disciplina na Rede Pública e Particular, não poderia deixar de escrever sobre o tema e até porque, infelizmente a disciplina Filosofia muitas vezes é mal valorizada e ensinada por professores não filósofos, tanto na rede pública como particular. Inclusive, muitas escolas particulares não dão a devida importância a disciplina no Ensino Médio, e ao invés de aproveitar o potencial reflexivo e ético da mesma, a substituem no Ensino Fundamental por disciplinas chamadas "Valores Humanos, Formação Humana, Ética e Cidadania, etc.", que seriam melhor aproveitadas com o potencial da Filosofia, inclusive pela corrente chamada "Filosofia para Crianças", criada justamente para ser lecionada nos ensinos infantil e fundamental. Em Bragança Paulista, o Colégio ISE é pioneiro nesta iniciativa e o Sistema Positivo ao qual o colégio é conveniado vem assumindo a iniciativa em toda sua rede de ensino. Diante disso, para promover uma melhor compreensão da disciplina Filosofia, sua didática e importância em sala de aula desde as séries iniciais, irei nas próximas edições desta coluna explicitar o tema. Evidentemente que não se faz filosofia apenas em sala de aula, mas no cotidiano da vida, e você leitor (a) irá se dar conta disso, e não sem motivo, mas com propriedade ensina-nos o filósofo alemão Immanuel Kant: "Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar".

O que é Filosofia?

Esta pergunta é frequentemente formulada por aqueles que se interessam pelo assunto e por aqueles que não conseguem visualizar a importância da disciplina, permite várias possibilidades de respostas. Iniciemos pensando a Filosofia como algo que nos ajuda a compreender nossas crises, nossas angustias e o momento em que vivemos. Em tempos como o nosso em que a política, a arte, a religião e a ciência se apresentam de maneira tão inquietantes, a Filosofia aparece não como uma solução para a crise, mas como uma ferramenta que nos auxilia a entendê-la. Diferente do que possa parecer á primeira vista ela não promete respostas, pelo contrário, a Filosofia nos ensina a perguntar. O filósofo grego Aristóteles dizia que todos os seres humanos possuem o desejo de aprender, e a filosofia é antes de tudo a expressão deste desejo. Nossa vontade de saber mais sobre nós mesmos, sobre nossa vida e sobre tudo aquilo que vivenciamos. Para entender o quanto isto pode modificar nosso modo de vida é necessário compreender que não existe apenas uma maneira de perceber o mundo. Que existem perspectivas diferentes e que isto nos leva a diversas interpretações da realidade. Nossas ações dependem de nossas idéias, se não exercermos nossa capacidade de interpretar o mundo através do nosso próprio pensamento acabamos agindo de acordo com idéias que não são nossas, portanto, a Filosofia é um processo em que exercitamos nossa capacidade de nos perguntar sobre tudo o que existe.

Para que Filosofia?

Que utilidade tem a filosofia em nossa vida? Aprendemos e ensinamos, trabalhamos, ouvimos música, namoramos, passeamos e podemos construir nossas vidas com sucesso no campo profissional-financeiro e amoroso sem nos deixarmos envolver pelo discurso e pelos problemas filosóficos. Parecemos viver muito bem sem ela. Aliás, pelo que pudemos perceber em nossa atividade de docente de filosofia, as questões filosóficas normalmente nos deixam incomodados, mal humorados, ansiosos. Isso porque dentre outros motivos, como normalmente ocorre, ao tentar resolvê-las, deparamo-nos com outros problemas que até então não havíamos considerado. Assim, a filosofia parece ser não apenas desnecessária para o bem viver, como incompatível com a idéia de uma vida tranqüila, e sobre isso continuaremos a filosofar na próxima edição do Cidade de Bragança! Até semana que vem!

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